sexta-feira, 23 de maio de 2014

Beyond: Two Souls — "Ao infinito e além!"

Depois de muito rolê pra conseguir esse jogo (tentar cartão, boleto, à vista e só finalmente conseguir numa lojinha de games em frente ao serviço) eu finalmente estou com ele em mãos. Vi muita coisa na internet sobre ele, gente falando bem e até fazendo gameplay, e o teor sobrenatural em conjunto com o gráfico impecável simplesmente me encantou instantaneamente. O problema com a prensa da primeira remessa (onde a Sony fez o favor de esquecer de nós, queridos brs, na hora de colocar o idioma português no cd) não me fez perder essa vontade e cá estou eu, escrevendo sobre essa relíquia dos videogames, coçando os dedos pra jogar mais e mais.



Beyond: Two Souls (em português Beyond: Duas Almas ou O Além: Duas Almas ou o meu favorito Além de Duas Almas) é um jogo de drama interativo escrito por David Cage e produzido pela Quantic Dream exclusivamente para o PS3 com lançamento nos EUA no dia 8 de outubro do ano passado. O jogo conta a história de Jodie e sua estranha ligação com uma entidade não-humana, que ela chama de Aiden, desde o seu nascimento. As várias fases da vida de Jodie vão sendo mostradas, a maneira como a presença de Aiden interferiu na vida dela e que caminhos ela tomou por causa dele, além das dúvidas acerca da questão do sobrenatural, do "além", que a gente sabe tão pouco e sempre despertou curiosidade no homem.




É difícil fazer uma sinopse desse jogo sem dar muito spoiler e ao mesmo tempo fazer parecer tão complexo quanto na verdade é—isso porque Beyond: Two Souls pode parecer simplório quando falamos que é sobre uma menina ligada a uma entidade desconhecida que enfrenta um monte de coisa na vida, mas é bem mais do que isso. Não é uma história leve, não; é uma história densa, cheia de intrincados, nuances que vão de situações cotidianas e absolutamente normais na vida de qualquer um a outras que fogem completamente da realidade e te fazem imergir dentro do game completamente. O fato da linha do tempo ser dividida em partes não cronológicas, onde a sequência é irrelevante e a história não segue uma linha certinha, pode confundir o jogador no início, mas é fácil ir se adaptando e entendendo o que vem antes e o que vem depois do que.


Além disso, o sobrenatural sempre foi um tema que desperta o interesse das pessoas: o desconhecido, aquilo que a gente não entende, sempre nos instiga. É uma coisa que nunca vai ser clichê, é um assunto de onde sempre dá pra tirar coisa nova justamente porque a gente não tem conhecimento e, por consequência, tem a liberdade de criar e inventar o que quiser. Tudo isso, combinado ao suspense natural da narrativa e as lacunas que vão sendo preenchidas pouco a pouco, é o suficiente para manter sua atenção na tela até o final.




Começando pela Jodie, interpretada pela linda da Ellen Page via captura de movimentos, nós temos uma protagonista bem interessante. Ela é normal (insira aqui a sua definição de normal), quer dizer, ela é uma garota nascida de um parto normal como qualquer outra. Ela teve infância, adolescência e, durante os últimos eventos do jogo, sua fase adulta. Ela tem sentimentos, sensações e pensamentos como qualquer pessoa normal, medos e hesitações também, princípios que entram em conflito durante o jogo, valores e coisas que ela acreditava quando criança e que de repente mudam por causa das coisas que acontecem com ela--por causa disso, a identificação com a personagem é bem fácil. Por outro lado, Jodie também tem uma coisa que, bom, não é lá a coisa mais normal do mundo: uma entidade desconhecida ligada a ela desde o nascimento. Quantas das pessoas que você conhece podem dizer esse tipo de coisa? Não muitas, eu imagino. Jodie cresceu num laboratório justamente porque esse pequeno detalhe a diferenciava e muito das pessoas comuns e isso é o grande lance do jogo: uma garota normal, mas não tão comum assim. O que eu mais gosto na Jodie, pra ser bem sincera, é o fato de ela não ser overpower, ou seja, dela não é a criatura mais forte do universo e nem é melhor fisicamente, ou mais inteligente, ou superior de alguma forma, à´s outras pessoas só porque ela tem o Aiden. Na verdade, ele é quem faz todo o trabalho. Pode parecer um defeito, mas isso foi o que mais me atraiu nela como protagonistaa humanidade.




O Aiden é o grande mistério do jogo: você não o vê, você não sabe direito o que ele é, mas ele está lá e você até joga com ele. Tudo o que se sabe sobre ele é que ele tem uma ligação com a Jodie, uma ligação muito profunda, e que ele tem consciência e pensa, age e se comporta como uma pessoa. Esse mistério em torno dele, esse desconhecido, deixa o jogador muito curioso (eu pelo menos fiquei me perguntando o tempo todo inteiro quem diabos era o Aiden afinal de contas) e o faz tentar deduzir a origem dessa entidade. Ele muitas vezes se comporta como pai da Jodie, como irmão, como namorado, enfim, como uma pessoa extremamente próxima dela. Sem falar que ele tem um monte de poder legal e a diversão do jogo mesmo é poder bagunçar a casa das pessoas, tocar fogo nas coisas e explodir helicópteros.

Nathan Dawkings (Willem Dafoe) e Cole são os cientistas que cuidam de Jodie e, portanto, são a única família que ela conhece. Nathan é o mais próxima dela, ele a trata como se fosse uma filha e, apesar de ela ser um experimento, de ela morar num laboratório porque eles precisam estudar mais sobre ela e Aiden, ele sempre a vê como uma filha e a acompanha da infância, passando pela adolescência e vai até o comecinho da fase adulta. É ele quem briga com Jodie quando ela está na fase rebelde, quando ela faz alguma coisa errada, mas também é ele quem cuida dela e faz de tudo para que ela tenha uma vida confortável e feliz. Cole é uma espécie de mãe--é mais maleável que Dawkins e é quem está diretamente abaixo dele nas decisões a respeito da garota. Eu curti os dois personagens, mas eu não consigo olhar pra cara do Willem Dafoe e achar que ele é um cara legal--quer dizer, eu sempre acho que ele vai, de repente, fazer alguma coisa ruim. Ele tem cara de ruim. Sério.




Muitos outros personagens aparecem na vida de Jodie no decorrer da história: a família adotiva, com um pai que não a entendia e a via como um demônio; os índios Navajo (uma das minhas partes favoritas) de quem ela luta ao lado para livrar a terra deles de uma entidade maligna e sedenta de sangue; o grupo de mendigos com quem ela vive por um tempo depois de fugir do laboratório, aprendendo a pedir esmola e realizar um parto às pressas; Ryan Clayton, agente da CIA de personalidade duvidosa com quem Jodie tem um envolvimento profissional e pessoal; e muitos outros. Todos eles são importantes para o amadurecimento da personagem e da história do game e curti muito cada pedacinho.




Como o esperado de um jogo da nova geração, feito para as novas tecnologias e os consoles mais recentes, Beyond: Two Souls é rico em recursos que torna um game incrível. Ele é fluído, dinâmico, com escolhas que afetam todo o andamento do jogo (e, inclusive, fazem você jogar ou perder certas partes). Ele é dividido em partes, em forma de capítulos, que tem tamanho razoável e não são cansativos. É organizado em uma linha do tempo (embora os capítulos venham de forma quase aleatória, sem seguir um ritmo cronológico) que mostra desde a infância da protagonista até a fase adulta (a primeira cena do jogo, inclusive, é como se fosse o final e tudo o que a gente vai jogando é como se fosse pra explicar a primeira cena do jogo e como a Jodie chegar a ela). O enredo é super original, apesar de ser um tema já explorado antes em outras franquias, e vem todo no formato de um filme. Como eu já mencionei no início, é um pouco confuso no começo porque vão aparecendo partes aleatórias uma atrás da outra (você está na infância da Jodie e de repente pula pra adolescência e volta pra infância de novo), mas é fácil se adaptar depois e entender a ordem dos capítulos. Achei bacana também o fato do jogo não ficar preso à linha principal, ou seja, além da história principal, a Jodie vai fazendo várias e várias coisas, se envolvendo em diversas situações, no decorrer da vida e essas histórias por menores que possam parecer contribuem para o crescimento dela, a revolução no seu modo de pensar, de agir, a divergência entre a Jodie do passado e a do futuro; tudo isso é muito bem explorado e nada no game é aleatório. Nada.




A parte mais legal de Beyond: Two Souls é poder alternar entre a Jodie e o Aiden (ou jogar com dois controles onde o primeiro é a Jodie e o segundo o Aiden); com ela você faz ações mais humanas, como tomar banho, apanhar objetos e lutar, e com ele você faz o mais legal como sair derrubando tudo, explodindo coisas e atirando outras nas pessoas só pra irritar. Os movimentos em geral são fáceis e eu adorei o modo "slow", utilizado nas cenas de combate, onde você tem que mover o analógico na direção do golpe que a Jodie está dando, seja ele um ataque ou uma defesa, e se você falha nesse modo você vai tomando porrada até perder a cena e ter que fazer de novo. O problema é: trata-se de um filme jogável. Tem mais cenas pra você assistir que propriamente pra jogar e a dificuldade do jogo não é muito alta. Quero dizer, é tudo muito autoexplicativo (eu demorei porque eu sou lenta mesmo), como se o jogo estivesse dizendo "vai, faz isso pra poder o filme continuar". Essa é a única coisa que pecou na minha opinião.




Perfeiçãoessa é a palavra pra definir os gráficos desse jogo. Não tenho muito pra falar a respeito disso, os gráficos são simplesmente os mais realistas que eu já vi. A técnica da captura de movimentos também é interessante e a escolha da Ellen Page (a Kitty Pride de X-Men e a Juno do filme Juno) pro papel da Jodie foi incrível, mas eu continuo pouco convencida sobre a bondade do Willem Dafoe na pele do Dawkins. Quer dizer, isso é uma coisa minha, não 'tô dizendo que o personagem é ruim ou 'tá mentindo ou qualquer coisa assim, é só uma coisa interna: eu não consigo olhar pra cara do William Defoe e não achar que ele vai do nada surtar e fazer alguma coisa bem filha da puta (talvez sejam os resquícios de Spider-Man dentro de mim). O fato é que os gráficos acompanham e muito a nova geração de consoles e oferecem o máximo de qualidade para os seus olhinhos.




Eu sei que a review ficou um pouco comprida, mas eu tentei sintetizar tudo o que eu senti jogando; tem muito mais coisa pra falar, mas eu não quero dar spoiler e estragar a diversão de vocês. O @alezoca do canal do youtube ElectronicDesireGE fez um gameplay bem bacana desse jogo e vale a pena conferir para aqueles que não tem condições de jogar (por não ter o console ou não poder comprar o jogo)--não sei quanto a vocês, mas quando sou viciada num jogo que eu não posso jogar eu procuro gameplays dele na internet e assisto pelo menos duas vezes foi o que eu fiz com Fatal Frame 4 até ficar satisfeita. Como funciona com vocês?

Kissu~ 

2 comentários:

Yann disse...

Ainda não joguei ainda, mas conheço bem a história e de como funciona o jogo. Gostei muito das partes onde você é técnica e outras que você da sua opinião. Enfim, gostei muito e me deu muita vontade de jogar.

Yann disse...

Ainda não joguei**** okwerokwerokwe sz